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Google reforça luta contra fraudes na publicidade digital

A mídia programática avança e, junto com ela, a sofisticação de botnets que levam a perdas bilionárias. Somente este ano, o mercado de publicidade digital deve sofrer prejuízos de US$7 bilhões com fraude e tráfego não humano. O Google, uma das maiores plataformas de anúncio do mundo, tem encarado o combate à fraude como prioridade e, para tanto, investe na defesa de sua tecnologia contra os três maiores advertising botnets, que juntos já infectaram mais de 500 mil computadores

Essa semana, a companhia anunciou o desenvolvimento de filtros para seus sistemas de anúncios capazes de bloquear a ação de três famílias de malware, sendo um deles o já conhecido Bedep e duas novas ameaças, que estão sendo chamadas de Beetal e Changthangi. Os novos recursos já estão disponíveis aos usuários das plataformas DoubleClick Manager (DBM) e Google Display Network (GDN).

De acordo com Andres Ferrate, chief advocate do time de qualidade de tráfego em anúncio do Google, as novas funcionalidades ajudarão eliminar malwares que geram tráfego em rede (ou botnet) e simulam o comportamento humano, como um clique em um uma notícia ou anúncio, uma ameaça não apenas aos orçamentos dos anunciantes, mas também à reputação de publishers e à segurança dos consumidores. Segundo o executivo, os novos recursos permitirão alterar rapidamente as regras para detectar o tráfego inválido e diminuir as perdas com cliques inexistentes.

Google contra a fraude

O combate aos malwares que produzem tráfego não humano está entre as prioridades do Google, destacou Andres Ferrate. Ele ressalta também que as equipes da companhia têm se dedicado intensamente para resolver o que descreve como um “desafio tecnológico”, que exige profundo conhecimento técnico, diligência e a habilidade de pensar muitos passos à frente, uma vez que criminosos têm lançado mão de técnicas cada vez mais sofisticadas.“É um jogo de xadrez contra um oponente que está constantemente mudando as regras”, descreveu Ferrate.

Além disso, a empresa têm trabalhado para diminuir a distribuição de malware por meio de publicidades veiculadas em sua plataforma. Ao longo de 2015, o Google bloqueou e 780 milhões de anúncios maliciosos, entre eles publicidades que continham ataque por phishing e instalação de software malicioso.

Perdas bilionárias

De acordo com estudos da Association of National Advertisers (ANA), em parceria com a White Ops, as fraudes podem superar prejuízos globais de US$7 bilhões em 2016. Segundo a associação, a indústria tem sido lenta para encontrar respostas e precisa fazer mais para reverter o problema, que pouco tem se alterado – em 2015, as taxas de impressões relacionadas como ações de robôs e bots foram de 3% a 37%, enquanto em 2014 as taxas estiveram entre 2% a 22%.

Somente nos Estados Unidos, o IAB US estima que as impressões falsas de anúncios (aquelas que não são nem geradas por anunciantes reais, nem recebidas pelos consumidores reais) totalizam mais da metade das perdas anuais no país com fraudes, ad blockers e pirataria, um prejuízo que chega a US$4,6 bilhões. Desse total, cerca de 72% das impressões são resultado de tráfego fraudulento na web em desktop, enquanto mobile responde por 28%.

Esses números fazem parte de um estudo divulgado no ano passado pelo IAB US, em parceria com a Ernst & Young, onde as duas organizações sugerem a melhoria de algumas práticas do negócio como uma forma de anunciantes ajudarem a frear o avanço desse quadro, o que inclui maior conhecimento sobre a cadeia de parceiros, bem como a investigação de informações de endereço, tax IDs e verificações de background.

No Brasil, não há números disponíveis sobre o tamanho do prejuízo causado na publicidade digital por tráfego inválido gerado por esses malwares. Diante disso, o IAB Brasil planeja para esse ano a criação de um comitê dedicado ao combate à fraude, que terá por intuito o mapeamento do cenário local e o desenvolvimento de ambiente de esclarecimento para os profissionais de marketing.